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Historinhas depois da tempestade

Ontem eu e meu irmão almoçamos juntos. Aí veio a copeira ou garconete - que denominação horrível -, anotar os pedidos. Gorducha que só, olhos brilhantes e um sorriso que se revelou quando perguntei: Qual o seu nome? Beatriz, respondeu. Dalí para frente meu irmão também passou a chamá-la de Beatriz.

No Mandarin, a expressão Ni hao, quer dizer um oi, impessoal e insignificante. Já o Ni hao ma, é mais pessoal, aponta para alguém e quer dizer: Como vai você? Diariamente, a caminho do museu onde montava minha exposição passava ao lado de um buraco enorme e dentro dele vários funcionários trabalhando na colocação de tubulacão de esgoto.

Quando eu passava, de bermuda, - que estranho hein? - a obra parava de susto, acho que mais por ser ocidental do que pela bermuda ou calção que usava em minhas caminhadas. Ao perceber o espanto dos funcionários/quase escravos, trabalhavam dia e noite sem parar eu sorri e e disse: Nin hao. E acabei colocando uma grande interrogação na cabeça de cada um deles.

Lá pelo terceiro ou quarto dia eu lasquei um Nin hao ma. A obra parou. Os funcionários subiram à superfície e foi assim quie tive que tirar uma fotografia com cada um deles. Divertido para mim, redenção para eles. Na verdade, o que lhes calou, foi saber que sim, eles eram gente também.