Respondendo Armandinho sobre Inteligência Artificial
Armando, querido amigo. Há alguns dias, precisei consultar meu currículum lattes - na Plataforma Lattes, onde estão hospedados os currículos de todos acadêmicos vinculados às universidades públicas e privadas. É uma obrigação acadêmica, cujos conteúdos nem sempre são verdadeiros. Em alguns deles seria necessário mais de duas vidas para realizar tudo o que disseram que fizeram. Qual não foi minha surpresa quando reparei que haviam adulterado meu currículo em favor de um outro acadêmico da Unesp cujo nome aparecia em letras garrafais - espécie de Quero Ser John Malkovich - (viu o filme?) à brasileira.
Sei e sempre soube o que meus pares fazem para aparecer ou colocar você em situação constrangedora. Há um que vive de mexer na minha página do FB, como se todos e principalmente meus amigos não me conhecessem.
A questão da artificialidade, seja ela qual for, vai existir sempre, - na cabeça daqueles que julgam precipitadamente, porque ignorantes, sempre existiu -, agem como se o original não existisse, que perda de tempo!
Tem um amigo meu que, de certo modo, vive de testar minha memória visual. Outro dia publicou um Matisse falso que logo percebi porque Matisse jamais recortaria ou desenharia um pé com quatro dedos, ademais, existe a questão do traço original e do enquadramento. Não satisfeito, esse meu amigo então publicou uma foto do Doisneau de um banheiro supostamente grafitado por Saul Steinberg, e os dois, pelos mesmos problemas, também eram falsos. No caso do Doisneau, suas fotos sempre foram falsas, pois devem ser creditadas a quem as produziu. Aquele famoso beijo em Paris, que virou seu cartão visitas e de Paris também, foi posado, sabia? Muita gente daqui, por décadas, acreditou que fosse um instantâneo, deram com os burros n'água.
Em um Mês Internacional da Fotografia, a grande estrela foi Walter Rosenblum, que no seríssimo documentário da BBC sobre fotografia (The Genius of Photography) foi citado como falsificador das fotos de Lewis Hine para ganhar algum trocado. Acontece que nem papel nem química utilizados na falsificaçào, existiam à época de Hine rsrs...e assim caminha a humanidade. O que sempre me incomodou na Inteligência Artificial, é o artificial, que como artifício, pode brilhar por segundos no céu e evanescer em segundos.
Acho que no pouco tempo que ainda me sobra, talvez uns 10 anos, não vou chegar a ver a Torre de Babel, versão século 21.