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Artes Gráficas ou Signo é o Lugar da Ação - 2 (continuando)

O lugar da ação não é outro senão o pensamento, e até o presente, pensamento se conjuga em tempo passado: aquilo que passou me leva a pensar...

Assim, - havia reaprendido com a fotografia a repensar, a reviver um hábito: enxergar no escuro..., pois, desde criança fui ensinado a nutrir a esperança de que neste país se encontre "uma luz no fim do túnel"... Afinal, repito o verso: "brasileiro, profissão esperança".

Como é bonita a passagem de The Pencil of Nature, em que Talbot, (William Henry Fox Talbot), descreve ter registrado vultos de pessoas dentro de um ambiente totalmente escuro...Somos dotados de luz? Ele teria dito: “o olho da máquina fotográfica vê mais do que o olho humano”, verdade que muito tempo depois se torna realidade com o Raio X e toda a parafernália eletrônica de imagem hoje disponível.

cont.... Agora, entre as sombras das árvores projetadas por minguadas luzes dos postes, minha “interlocutora”, a assopradora de velas, buscava encontrar uma escultura de bronze, uma vaca sobre um pedestal, que segundo a descrição que tivera, tinha grandes dimensões. Achamos sim, a escultura de um operário braçal, típica da elegia estética socialista. Vaca, não achamos!

Desesperada, acenou para um único taxi que passava na avenida deserta. Já era tarde... Gesticulou para o motorista apontando o endereço do que eu imaginava ser um convite e recebeu como resposta uns tantos outros gestos que mais tarde traduzidos diziam: “não posso levar a você porque você já está em frente ao endereço indicado”. Assim, entre risos, a “noite presidencial” caminhava para um desfecho no mínimo bem humorado.

Se servia a sobremesa quando chegamos: delicadas porções de alguma massa folheada de boa índole eslovena, entremeada por leve creme e coroada por lâminas finas de chocolate alpino, às quais os convidados se atiravam em ferrenha disputa, tanta que só vi, não consegui provar.

Em meio a cafés e “nightcaps”, um grupo de ingleses tenta me explicar um método de separação de cores cilíndrica, em meio a vários goles de bom vinho, no que com educação agradeci dizendo o meu clássico: "muito interessante". Expressão que uso quando ouço ou vejo alguma coisa que a boa educação não me permite ignorar. Aquela noite de inauguração bienalesca, terminou no dia seguinte, quando todos se dirigiram ao grandiloquente seminário que se havia programado.

Sonolento, me dei conta dos gestos épicos dos palestrantes, Depois, alguém me sussurrou em inglês que os temas centrais do seminário era justamente tecnologia e técnica. “Alguém deseja fazer alguma pergunta?” disse a mestre de cerimônias. Tímido, levantei a mão e ardilosamente perguntei se alguém já havia se preocupado em definir os dois termos e conceituá-los.

O silêncio se fêz sepulcral por alguns segundos quando logo, a mestra de cerimônias, rapidamente anunciou: Coffee break!
(continua)